Rondônia
Casamento coletivo celebra união de 13 casais no presídio Aruana, na Capital
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A Penitenciária Aruana, em Porto Velho, foi palco nesta quarta-feira (19) de mais um casamento coletivo realizado no sistema penitenciário estadual. Treze casais disseram “sim”, renovando seus votos matrimoniais em nome de um amor que faz superara até mesmo as barreiras impostas pelo cárcere.
A cerimônia, realizada pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), através do Núcleo de Assistência Religiosa integrante da Gerência de Reinserção Social, reuniu reeducandos das unidades prisionais Urso Branco, Ênio Pinheiro, Vale do Guaporé, Urso Panda e Penitenciária Feminina (Penfem), contando com a cooperação de igrejas evangélicas.
A chefe do Núcleo de Assistência Religiosa, Núbia Camacho, informa que o evento na Penitenciária Aruana é o oitavo casamento coletivo realizado no sistema prisional de Rondônia. “Já vem sendo realizado desde 2010. O primeiro foi no presídio Urso Branco”. Núbia ainda destaca que esse é um braço de trabalho da Sejus voltado à consolidação da família. “O contato com Deus e a base familiar são fundamentais no processo de mudança de mente e de vida”, completou.
A CERIMÔNIA
Os noivos se trajaram a rigor: homens de terno e gravata e as noivas com o tradicional vestido branco. E não faltou nenhum requisito de cerimonial de casamento. Teve crianças como porta-alianças, tapetão para a passagem das noivas, cenário montado para fotografias, um ambiente decorado com arranjos e flores, a benção pastoral e a presença do juiz de paz.
Janete foi uma das noivas. Mesmo visivelmente emocionada, ela conseguiu entrar cantando para o seu noivo a música “Que Bom Que Você Chegou”, da cantora gospel Bruna Karla.
Janete já convive com seu companheiro há 4 anos, com o qual tem uma filha de 1 ano e seis meses. Há dois anos o marido está preso em regime fechado, sentenciado a 20 anos de prisão por um crime que ela preferiu não revelar. Os encontros entre o casal são limitados aos dias de visita ao presídio (uma vez por semana), mas a esperança, para Janete, foi renovada. “Estou muito feliz por essa realização, e mais confiante que o amor supera tudo. Em breve nossa família vai ficar junta e vamos viver uma vida nova”, declarou Janete.
No momento da benção sacerdotal, direcionada aos noivos declarados oficialmente casados, a fala do pastor Bruno Durães foi mais uma centelha de esperança. Ele já cumpriu pena no sistema penitenciário em regime fechado, e atualmente está em liberdade condicional, monitorado por tornozeleira eletrônica. O pastor se tornou uma inspiração para reeducandos que se encontram separados da família e almejam a progressão de regime. “Passei muitos anos presos. Inclusive, assim como vocês, também me casei dentro do presídio. Mas, quando a pessoa decide mudar de vida, Deus mostra que o impossível é possível para Ele”, disse Bruno.
O juiz de Paz César Castro, que há 25 anos realiza casamentos em Porto Velho, diz que já perdeu as contas de quantas cerimônias já ministrou, mas garante que o casamento dentro de um presídio tem um significado diferente. “A emoção e os detalhes são basicamente iguais em qualquer casamento. Mas, casar dentro de um presídio, tem um fator forte que diferencia de outros casamentos. Pois após a bela cerimônia, uns voltam para casa e outros para a cela. O amor fica em prova, e é necessária uma força maior para superar a distância”, comentou o juiz.